Justiça prorroga contrato de concessão da BR-040 até conclusão da relicitação

A Via 040, concessionária responsável por administrar o trecho da BR-040 que vai de Juiz de Fora (MG) a Brasília (DF), foi obrigada por decisão judicial de manter o contrato atual em vigor e que se encerrava nesta sexta-feira (18). Com isso, a empresa permanece prestando serviços de manutenção da rodovia e auxílio aos usuários e a tarifa dos pedágios da via continua no valor de R$ 6,30. A previsão é de que a nova licitação seja concluída até o segundo semestre do ano que vem.

A decisão, assinada pelo desembargador federal Guilherme Doehler, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) não estabelece um prazo final para que a Via 040 deixe a concessão. Dessa forma, a empresa foi obrigada a manter as operações no local até que uma nova licitação seja concluída. O magistrado ainda fixou multa diária de R$ 100 mil à Via 040 em caso de descumprimento da medida.

“Determino à CONCESSIONÁRIA BR 040 S.A. (Via 040) que dê continuidade à prestação dos serviços de manutenção, conservação, operação e monitoração da BR-040, no trecho do Km 0 (Distrito Federal/Brasília) até o Km 776 (Município de Juiz de Fora/MG), nos termos do contrato de concessão originariamente celebrado (…) mantidas as mesmas condições do último aditivo – inclusive no que se refere à tarifa praticada de R$ 6,30 – até a conclusão do processo de relicitação e subsequente contratação de novo(a) concessionário(a)”, diz trecho da decisão.

O que diz a decisão?

Em um dos trechos da decisão, o desembargador Guilherme Doehler justificou a prorrogação do contrato como forma de garantir a vida e a segurança dos usuários, além do patrimônio público a ser devolvido à União futuramente.

“Especificamente em relação à BR040, reitero aqui o que já mencionei em audiência, foi divulgado pela mídia, também com base em levantamento feito pela PRF, que a BR040 superou a BR381 (conhecida como rodovia da morte) em número de vítimas fatais, apesar de ainda inferior em número de acidentes”, diz o documento.

O magistrado também destacou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, órgão do governo federal, poderia não ter condições operacionais de assumir a rodovia a partir da 0h deste sábado (19), quando o contrato entre a ANTT e a Via 040 não teria mais efeito prático.

“Já quanto ao perigo da demora, revela-se evidente a sua existência, pois , se não prorrogada a vigência da concessão em curso, estará a BR040 sem administração efetiva a partir de amanhã, 18.08.2023 , haja vista a certeza da impossibilidade operacional do DNIT para fazê-lo”, diz.

BR-040: entenda o imbróglio

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Via 040 e o Ministério Público Federal (MPF) tentavam um acordo desde o início do mês sobre o desfecho para o término do contrato de concessão da BR-040, prevista para esta sexta-feira (18). A concessionária assumiu a administração do trecho da rodovia em 2014 e, três anos depois, pediu para deixar o contrato alegando prejuízos financeiros.

A Via 040 apresentou duas propostas à ANTT – que não foram aceitas. Uma delas previa o reajuste no preço da tarifa do pedágio – passando dos atuais R$ 6,30 para R$ 7,30 – para que um novo aditivo de seis meses fosse feito.

A outra proposta era utilizar R$ 125 milhões de um “fundo excedente”, custeado por parte da tarifa do pedágio, para garantir a manutenção básica da rodovia por mais seis meses. Nesse caso, o preço cobrado nas praças de pedágio seriam mantidos.

A ANTT alega que o recurso não seria suficiente para arcar com o compromisso e apresentou dados sobre a situação da rodovia. Segundo a agência reguladora, hoje, são necessários ao menos R$ 140 milhões para reparar os danos existentes no trecho que separa Juiz de Fora à capital federal. De acordo com o estudo apresentado, 23% de toda a extensão da rodovia sob concessão da Via 040 apresentam danos – ou seja, há problemas que precisam ser solucionados em mais de 200 km de extensão da rodovia.

Fonte: Itatiaia

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